“Anda cá…, esta vai ser a tua catequista!”

Com muita vergonha, num local onde nunca ou poucas vezes tinham estado, lá se faziam aparecer as caritas escondidas por entre as pernas dos pais. É difícil perceber a expressão do rosto… a máscara tapa as covinhas do sorriso, e a falha dos dentes. As vozinhas são trémulas e quase inaudíveis, mas vamos aprendendo a ler a linguagem do olhar, e a curiosidade é muita! Tudo é novo! O espaço é novo, alguns colegas são novos, as preocupações não são novas porque em todo o lado é assim mas, mais uma vez, lá têm de manter a distância… sabem que Jesus é diferente de todos os outros amigos, mas ainda não O conhecem bem. “Estou aqui para aprender as regras de Jesus!” – disse de forma firme um dos pequeninos mais corajoso. Caminhar, conhecer e descobrir que afinal as “regras” não são mais do que viver no amor, será o desafio.

Tivemos oportunidade de acolher e conhecer os pais nos dois encontros realizados pelo Sr. Padre nos meses de outubro e novembro. Procuramos caminhar juntos numa catequese familiar de modo a que a fé seja vivida na pequena igreja que é a Família e se possa exprimir na grande família que é a Igreja. Tinha chegado a hora de conhecer os mais pequeninos.

Quais estratégias ou ideias formadas! Quais soluções pré-definidas! Pela sua simplicidade e espontaneidade, as crianças terão sempre a capacidade de nos surpeender e encantar e julgo que é mesmo isso que torna tão belo o caminho. Muitas vezes com a sensação de que, enquanto catequistas, não chegamos onde era preciso, algumas vezes com pesar no olhar de quem não consegue chegar a todos, mas enquanto nos deixarmos surpreender pela candura das crianças, haverá espaço e disponibilidade para acolher e crescer com eles. Haverá espaço para confiar e deixar que a sua simplicidade nos arrebata e, experienciando-O, ajudar a viver. A seu tempo, naquele que nunca será o nosso, perceberão que Ele sempre ali esteve.

Ana Tavares 

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