Introdução
Uma Vicentina convidou-me para lanchar e uma fatia de bolo de chocolate foi o mote para conhecer a D. Palmira, naquela tarde.
Quando lá chegamos, naquele fim de tarde fria de inverno, o Bar estava cheio e a sua Alegria transbordante contagiava a todos sem exceção com a sua simpatia. Foi nessa tarde que a conheci e senti logo o seu calor humano quando se abeirou de nós com aquele sorriso aberto e modo delicado perguntou o que queríamos tomar.
Muitas outras idas ao Bar da Palmira se haviam de seguir, mas guardo com enorme carinho aquele dia na minha memória, porque hoje em dia já vai sendo raro encontrar pessoas assim!!
De estatura franzina, mas com um olhar muito meigo, todos a conhecem pela sua enorme graciosidade e, sobretudo, todos são unânimes em referenciar a sua generosidade. A D. Palmira, como é conhecida entre nós, é uma pessoa que nos desarma com a sua humanidade e, tal como ela refere, nesta entrevista, que nos deu no seu espaço de trabalho, talvez seja a imensa Paz que ela deseja a todos e que se cultiva em seu redor que nos atrai de forma magnética à sua presença.
Aplica-se aqui a velha máxima que a simplicidade é o caminho de quem começa a ser sábio!
Nem sempre entendemos tudo o que se passa à nossa volta e ainda bem! Pois na tarde da entrevista, eu e o Tiago Marques tínhamos combinado fazer a mesma através de videochamada (via Meet) mas curiosamente a net, ou melhor dizendo Deus, pregou-nos uma partida (e ainda bem!). Acabámos por estar pessoalmente com a D. Palmira, o que nos serviu de lição e ensinamento da palavra humildade.
Os jovens da comunidade escolheram a D. Palmira (e não foi por acaso) para desta forma singela fazer uma pequena homenagem que queremos através deste texto partilhar com todos vós.
Queria somente acrescentar que no dia da entrevista passaram pelo Bar elementos de todos os Grupos da Paróquia.
Obrigada, D. Palmira!
Ana Gomes
Conhecida por D. Palmira, Palmira Resende de Fontes, nasceu a 3 de março de 1937, em Mozelos. Mas há muito que está em Espinho. Conversou connosco…

Quando foi a sua primeira e grande experiência de fé?
R – A minha mãe, que era padeira, era uma pessoa muito religiosa e transmitiu-me a sua fé. Já em pequena, com apenas 7 anos, ia vender pão em Nogueira e no trajeto atravessava os pinhais a rezar. Recordo-me de rezar pelos pinhais fora! Sentir o ar fresco da natureza e simultaneamente fazer as orações. Tenho essas memórias muito presentes em mim. Essa foi a minha primeira experiência de fé!
– Quem foi para si a grande referência de fé?
R – O meu modelo de fé foi a minha mãe – Olinda da Conceição, por tudo o que pude aprender com ela.
– O que recebeu da Paróquia? Onde é que esta a ajudou a crescer na fé?
R – Sempre senti um enorme apoio da Igreja, primeiro na pessoa do Pe. Alberto e também do Pe. Manuel, depois mais recentemente também senti esse carinho com o Pe. Zé Pedro e agora com o Pe. Artur. E houve um tempo em que fiz parte do grupo das viúvas…
– Em poucas palavras, descreva-nos o seu percurso de fé?
R – Na realidade o meu percurso é muito simples, porque tive sempre uma vida de muito trabalho. Andei na catequese como as meninas da minha idade e fiz a Comunhão Solene. Depois, fiz a preparação para o matrimónio e casei na Igreja de Anta. Já casada, fui para a Venezuela e aí permaneci 2 anos. Foi um período bastante conturbado, porque a Venezuela tinha bastante instabilidade (estávamos em 1959) e tive dificuldade em me adaptar a toda aquela mudança. No entanto, espiritualmente, descobri um país muito católico onde a religião tinha um enorme impacto na vida das pessoas e vivi essa experiência intensamente. Desse período, recordo também que a igreja ficava mesmo em frente à casa onde vivia na Venezuela, era praticamente do outro lado da rua. Quando regressei a Portugal, e já depois do falecimento do meu marido, ingressei no Grupo das Viúvas, que era bastante conhecido em Espinho.
– O que significa para si ajudar o outro?
R – Ao longo destes anos tenho contribuído da melhor forma com o meu trabalho simples, mas muito gratificante porque sinto sempre um enorme carinho de todos que frequentam este espaço e sinto também que com esse trabalho ajudo a desenvolver a comunidade , pois tento sempre chegar o mais próximo possível do outro.
– Neste momento o que mais precisa da Comunidade? E o que pode oferecer à Comunidade?
R – Neste momento preciso da ajuda de todos para continuar esta tarefa porque a idade já é muito avançada.
– Como vê as novas gerações dentro da paróquia?
R – Antigamente, os jovens eram mais serenos, mais educados e eu fui tentando acompanhar a evolução dos tempos; gosto de todos os grupos da Paróquia que frequentam o Bar.
– E que conselhos daria aos mais jovens para construção duma comunidade viva?
R – Os meus conselhos acima de tudo são uma mensagem de perseverança, resiliência, coragem e trabalho íntegro.
– O que falta fazer na nossa paróquia?
R – Peço a Nª. Srª. da Ajuda votos de Paz e muita saúde para toda a comunidade!
Foram os desejos também ardentes da D. Palmira para todos neste Natal.
Realizado pessoalmente no Bar da D. Palmira pelo Tiago Marques e Ana Gomes com muita esperança, alegria e votos de Bom NATAL para todos.