Façamos uma imersão no tempo que passa nestas ruas, enquanto aprendemos a respirar as correrias para o trabalho ou a inspirar o ar refrescante dos nossos veraneios. Crianças que brincam… artistas que fazem ouvir a sua música… uns passam… outros cruzam o espaço e o tempo passa sem grande significado. Façamos uma doxologia, um louvor ao Senhor, mergulhando todas as horas perdidas num tempo diferente.
O tempo passa nestas ruas e nós podemos fazer com que passe por aqui, com a ajuda de Maria, na simples cronologia do tempo, um pouco de eternidade. Somos também como Maria, por onde passa a eternidade. A plenitude do eterno que passa em Maria faz-se carne para que no tempo a plenitude passe, em gestos e palavras humanas, como Jesus passou fazendo o bem.
Hoje o tempo pára aqui, para que, aqui, a eternidade costure a trama e faça de cada nó um espaço cheio da graça. Maria é cheia de graça, aquela que enformou o tempo com a qualidade do amor que tece a eternidade nos pequenos gestos.
Os náufragos que invocaram Nossa Senhora d’Ajuda e edificaram a primeira ermida, com esta invocação nestas praias, experimentaram o amor que mergulha o tempo num espaço de encontro com o definitivo. O último e definitivo é Cristo.
A liturgia da Palavra, deste vigésimo quinto domingo do tempo comum, diz-nos que o nosso coração exíguo é feito de tempo e não há possibilidade de nele viverem dois senhores. Há que escolher Aquele que não ocupa espaço e faz do tempo o lugar do encontro com o amor, o único definitivo na nossa vida para nós é Cristo, o Senhor da vida.
Pe Artur Pinto