War Requiem – Benjamin Britten
Britten (1913 – 1976) foi um compositor, maestro e pianista inglês, considerado um dos mais importantes compositores ingleses do séc. XX.
O War Requiem foi composto para a consagração da nova Catedral de Coventry, construída após o final da II Guerra Mundial (em 1940 a antiga catedral foi destruída nos bombardeamentos à cidade). O Requiem não pretendia ser uma obra de glorificação dos soldados britânicos ou da Grã-Bretanha, mas uma manifestação pública das convicções pacifistas de Britten, bem como uma denúncia da maldade da guerra. A obra também pretendia ser um aviso para as gerações futuras sobre a insensatez do homem pegar em armas contra o seu semelhante.
Trata-se de uma obra bastante extensa (cerca de 80 minutos) e de uma grande envergadura: está escrita para três solistas, uma orquestra de câmara, um coro completo, uma orquestra principal, um coro infantil e órgão.
Tem por base o texto em latim da Missa de Defuntos e ainda vários poemas escritos por Wilfred Owen, poeta que comandava uma companhia de infantaria quando foi morto no final da I Guerra Mundial.
A obra em si é muito rica e complexa, com passagens de grande intensidade e outras muito introspectivas, contrastes fortíssimos e uma tensão quase permanente. Desenrola-se como um diálogo entre o texto da Missa e os poemas de Owen, descrito como uma “justaposição irónica”, em que o primeiro corresponderia a uma situação ideal (sem a queda do Génesis) e os segundos o mundo real e terrível que a humanidade construiu, desembocando na guerra.
A versão sugerida foi gravada em 1963 e dirigida pelo compositor. Os solistas são precisamente aqueles para quem Britten escreveu a obra; um barítono alemão (Dietrich Fischer-Dieskau), uma soprano russa (Galina Vishnevskaya) e um tenor britânico (Peter Pears), pretendendo assim demonstrar também a importância da reconciliação entre as partes envolvidas na guerra.
António Lima
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