
UM
NOME
QUE
DIZ!
A novidade do nome vai além de designar ou nomear, passa por dizer vezes sem conta e, mesmo assim, nunca está dito. Jesus é o nome mais dito ao longo de todos os tempos e nunca está dito. Só está completamente dito quando se assume outra forma de dizer. É nome recebido e não conquistado. Jesus não é uma reflexão. É sempre dado e demora uma vida a dizer. Tempo para aprender a balbuciar o que se sente como absurdo. Há quem acredite que qualquer coisa dita é uma transgressão e para
não violar prefere silenciar o nome que tudo diz. Nada diz para não faltar ao mandamento do que o silêncio é o grande segredo.
Sucesso para quem se deseja poupar a qualquer sacrifício. Há quem faça dos seus dias uma verborreia sem qualquer sentido para que o silêncio não diga que nada está dito enquanto não há sacrifício. Só um nome há para aprender a dizer. O que te dá a oportunidade de te dares.
DOMINGO
Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil e preciso de as reunir; elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só Pastor. (Lc 24,44)
SEGUNDA-FEIRA
Há nomes que nos assaltam e outros que nos recorfotam. Há aqueles que são primavera e outros inverno. Há os que nos fazem sair e amadurecer
TERÇA-FEIRA
Há nomes que ouvimos com disponibilidade de coração. Outros que disponibilizam o coração.
QUARTA-FEIRA
Há nomes que nos salvam. Outros julgam e há sempre aqueles que nos são indiferentes. Só um nos dá vida.
QUINTA-FEIRA
Há nomes para a humildade. Há humildade em alguns nomes. Mas não há outro nome para a humildade que não seja Aquele que nos lavou os pés.
SEXTA-FEIRA
Há nomes nos caminhos e há nomes pelos quais ninguém caminha. Há sempre um caminho para fazer o teu nome.
SÁBADO
Há nomes em que confiamos e outros que despertam a desconfiança. Há obras com nome e nomes que são a maior obra.
ORAÇÃO
Esta manhã
Procuro-te na morte,
Lavo-te da lama
Carrego-te, tão frágil.
Escolho a vida.
Esta manhã
Escuto-te em silêncio,
Deixo-te plenificar-me,
Sigo-te de perto.
Escolho a vida.
Benjamín González Buelta
POEMA
Persigo-o no ininteligível arbítrio
dos astros, na clandestina linfa
que percorre os túrgidos corredores
do indecifrável, nos falsos indícios
que, de fogos fátuos, escurecem
a persistente incógnita do nome.
Em persegui-lo persisto onde, bem
sei, não lograrei achá-lo, que nunca
achado será em tempo ou espaço
que excedam meu limite e dimensão.
…
Rui Knopfli
