UMA VARANDA
NA PALAVRA

Uma palavra é um mundo em criação. Rompe o tempo e abre o espaço do encontro. Este é o destino da verdadeira palavra. No encontro cumpre-se a sua missão. É um trajeto que se desenha no espectro do sofrimento. Nada garante um porto. A humanidade é da condição da palavra. Jesus é a humana palavra em palavras humanas. Um porto de partida garantido na hospitalidade.
Depois de dita a Palavra só se espera a eternidade. Não tentamos captar as ondas sonoras de Jesus que ecoam pelo espaço, nem as suas vibrações. Acolhamos a Palavra para partir ao encontro da criação que ainda está por dizer.
O acolhimento é entendimento com o coração. Há muito que desistimos de tudo compreender. Este é o tempo de acolhermos a criação da palavra e de sermos testemunhas. Varandas que avistam o horizonte da palavra que escreve no céu letras pequenas na grandeza do abraço em falta.

DOMINGO
«Foram estas as palavras que vos dirigi, quando ainda estava convosco: ‘Tem de se cumprir tudo o que está escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos’».
(Lc 24,44)

SEGUNDA-FEIRA
A fé é o ambiente das grandes decisões. Nada se decide sem confiança.
A esperança tem sempre uma grande palavra a dizer
.

TERÇA-FEIRA
A fé é a lua da terra no espaço das operações que mudam o eixo da terra na direção da humanização.

QUARTA-FEIRA
Semeia o alimento que colhes nos braços dos que te abraçam.

QUINTA-FEIRA
O pão de cada dia partilha-se na fé que abre o amanhecer dos teus irmãos.

SEXTA-FEIRA
Onde encontraremos a vida? Onde encontras Aquele que te encontrou antes de tu mesmo te procurares?

SÁBADO
A luz do dia entra pela vidraça do olhar e rompe a ignota e desesperada noite de quem partiu sem porto onde regressar.

ORAÇÃO
Senhor,
Também eu caminho hoje pela vida
Como os discípulos de Emaús:
Pensando que a minha vida não tem
sentido,
Acreditando que na vida tudo é negro,
Incapaz de ver com os meus olhos
A claridade do dia e as estrelas da noite.

Senhor,
Não poderias sair hoje ao caminho
E passear comigo?
Não poderias levantar a minha esperança
Deste solo desprezível
Por onde caminho?
Não poderias ficar para comer
E aquecer o meu coração frio?

POEMA
Ao longo da muralha que habitamos
Há palavras de vida há palavras de morte
Há palavras imensas, que esperam por nós
E outras frágeis, que deixaram de esperar
Há palavras acesas como barcos
E há palavras homens, palavras que guardam
O seu segredo e a sua posição

Mário Cesariny

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