
As palavras confinamento e desconfinamento fizeram-se companhia diária do nosso vocabulário. Se há algo verdadeiramente desconfinado de todas as construções humanas é o Presépio. Está-lhe na sua essência ser um espaço aberto e propício para o encontro. É o espaço por excelência para que todos tomem um lugar e façam a experiência do encontro. Pastores ou Magos, homens e mulheres simples do povo, eruditos e estrangeiros, todos encontraram o seu lugar no Presépio. Não é só isto que faz do Presépio um lugar desconfinado. Não passaria de um espaço egocêntrico.
O Presépio tem lugar excêntrico, todos os que vieram até ali, saíram dali diferentes. Usando o termo em voga, desconfinados. Os pastores saíram a louvar a Deus e os Magos seguiram por outro caminho. Contemplar a Deus no Menino, nascido num imenso despojamento, proporciona um encontro com a própria realidade da pessoa humana. Frágil e débil, mas imensamente amada. É esta fragilidade que permite que seja imagem e semelhança de Deus. É a possibilidade de amar com o amor com que é amada, de também ser presépio.
Vamos desconfinar o presépio que habitualmente colocamos nas nossas Igrejas, casas, praças ou lojas, para ao deixar de ser um simples adereço, devolver-lhe a sua essência. O Presépio é um lugar do mundo, para todos. Aquele que não cabia no universo, fez-se presente no Menino Jesus, onde todo o universo se encontra.
Pe Artur Pinto