Como todos sabemos, há um grupo da Paróquia em missão na Guiné. Hoje agradecemos a oportunidade de partilhar algumas das vivências que nos têm relatado.
À chegada, saindo do avião, a sensação era de estar dentro de um aquário ao Sol, cheio de água. Ali há cor e festa em qualquer lugar, ninguém os conhece, mas todos os cumprimentam. Chegada a hora de rumar a Buba, seguiram num jipe por estradas de terra batida. A paisagem é dominada por vegetação e condições de vida duras.
Na casa das irmãs, foram recebidos com um jantar, aconchegante e com sabor a casa.
Dizem-nos que as irmãs são muito queridas e atenciosas. Olham para os outros antes de olharem para elas mesmas e o que as caracteriza é o sorriso com que andam sempre.
Tão longe de casa mas ainda assim tão aconchegados pelas irmãs que mais parecem mães, querem agradecer a Deus, e nós com eles, por os colocar no colo destas mulheres doces e serenas e por os ensinar a reconhecer que a humildade os torna mais livres.
De uma forma mais particular, o nosso Pároco, Pe. Artur conta-nos que chegaram a Buba e agora instalam a sua pobreza no seio da mais profunda pobreza material. Salva-os a possibilidade de encontrar a alma daquele povo. Ela é a clareira que Deus abre para que o coração encontre a possibilidade boa do amor, que está chamado a receber, dando-se.

Nesta segunda semana de Missão na Guiné, chegaram-nos notícias da ida do grupo a Gã-Perto, descrito como o perfeito exemplo de interior de África – do mais belo à maior miséria. Percorreram vários quiilómetros por estradas de terra batida, rodeados por vegetação que deslumbrou o olhar. Pararam na tabanca (a designação de povoação em criolo da Guiné). Foram convidados a entrar na capela.
No meio da pobreza quase extrema, onde para se poder ter água tem que se percorrer uma distância de cinco quilómetros, contam-nos que ali encontraram a riqueza da vida da comunidade. Num sítio onde falta tudo, pelo menos tudo o que parece essencial para nós, viram que o crucial está lá. A Capela é um espaço amplo, com a pequena cruz de madeira encostada à parede do fundo, que rapidamente se encheu de crianças, cada uma trazendo a sua cadeira ou o seu banquinho.
O povo das tabancas, que sofre na pele as injustiças do mundo, é também o povo que ensina a rezar o Pai Nosso, que ensina a agradecer. E nas tabancas e no seu povo encontraram Cristo que pega este povo ao colo. Algumas da imagens que acompanham estes relatos estão afixadas nos três locais de culto da Paróquia, para que todos possam acompanhar mais de perto este caminho que o grupo está a trilhar. Um caminho em Cristo que nos dá a possbilidade de viver como filhos, a quem o Pai bate à porta, insistentemente, para fazer sair do entorpecimento comodista, como nos lembra o Pe. Artur na mensagem que enviou esta semana.

Nesta terceira semana de Missão na Guiné, os voluntários relembram-nos que a vida só vale a pena quando permitimos que seja tocada e marcada por outros.
Viajaram até à comunidade de Empada, num jipe de caixa aberta, acenando aos que passavam e transportavam a carga no topo da cabeça. Encontraram uma comunidade simpática, onde o Padre e as Irmãs continuam a sonhar dedicando a sua vida, partilhando-a com o seu povo. Puderam ouvir o testemunho do que é dedicar a vida, do que é viver em condições duras e difíceis e, mesmo assim, saber que é ali o seu lugar.
Visitaram também a comunidade de Fulacunda, onde os direitos fundamentais parecem não ter chegado, mas a alegria da Fé domina os corações. A simplicidade fala por si. O que enche a pequena capela são as tantas histórias ocultas, que acontecem tantas vezes ao nosso lado, agora com um nome, um rosto.
Em Buba as pessoas são um apelo constante. São elas que fazem missão em cada um dos voluntários. A saúde é um desafio muito grande. No hospital, o desafio teve um nome, um rosto: Vanissa, uma menina desnutrida. No hospital, ela está dependente da Avó, que lhe dá o leite, sozinha; e, em seguida, tem de lavar as louças, os vestidos e a roupa de cama suja. Uma mesma bacia de água para tudo, pois não há água canalizada no hospital. Soma-se a grande preocupação de contar o dinheiro para ver se tem o suficiente para as análises e medicamentos. Para os voluntários só há uma opção: continuar a tentar, interrogando-se já como poderão fazer a missão após o regresso, cá.
Por todos os testemunhos, por toda a aprendizagem de Fé, agradecemos hoje ao Senhor, pelo abraço que permite que cada um, na nossa comunidade, estenda até Buba, embalado no contentor. O Pe. Artur partilhou connosco que, vencidas muitas dificuldades, o contentor já está em Buba e, com ele, um pedacinho de nós. Que saibamos continuar disponíveis, cuidar e permanecer abertos a sermos cuidados…
